Momentos da vida são marcados por músicas, canções. Escolhidas, recusadas, abraçadas ou impostas.
Essas ficam para mais tarde.
As que agora interessam são as ficaram marcadas na pele pela presença de algumas mulheres.
Algumas das músicas só por elas as ouvi (e também com elas…)

Depois conhecia-a. Pertencia aos fiéis primitivos, não aos neófitos, daqueles que reconheciam o Michael Stipe ainda ter cabelo era moda. Reconheço que me massacrou logo de início; toda aquela adoração racional pelos quatro meninos….
A adoração percebe-se.
A racionalidade passava pela análise quase-autópsia que fazia das letras.
Depois, dei por mim a ouvir o “Nightswimming” como se fora o meu hino privado…

Apenas trocámos um beijo. “Tens que ouvir isto, é muito bonito!” Sim, claro, tudo o que tu mandares! – dizia, enquanto tentava manter-me à tona. “I used to love her, but I have to kill her!”.
E foi isso que fiz, por fim.
Nunca mais a vi. A eles também não.
Gostava de conhecer os seus filhos. Os deles não.

Não quis saber. Aceitei como quem aceita algo só para não ofender.
Um dia, farto daquele objecto me perseguir, colei-a dentro da aparelhagem. A senhora saiu. Entrou-me pelos apêndices auditivos como se me quisesse vender algo. Como se quisesse que eu não fosse para novos vietnames.
Como se quisesse que eu reconhecesse os direitos da mulher.
E tudo com uma guitarra acústica.

As canções são simples. Como devem ser.
As letras, cómicas, irónicas, poéticas e duras. Como devem ser.
Comecei-o a ouvir enquanto trabalhava, perdido no meio da Patagónia.
Estava cansado. Estava longe.
Aquilo começou por entrar, não pela música mas pelas suas palavras, depois lidas num pasquim de fim-de-mundo (talvez por isso me marcaram, e talvez por serem do fim-do-mundo…).
“Sur o no Sur”
Eis a questão…
(outras há, que por ainda estarem demasiado coladas à pele, ainda não consigo falar delas…)
4 comentários:
Uuhhh!! Bom tema...
Ainda hoje quando ouço Doors lembro-me de uma paixão do 12º ano! Não consigo desassociar uma coisa da outra...
Tens aqui outra:
Deathly (Aimme Mann)
Now that I've met you
would you object to
never seeing each other again
cause I can't afford to
climb aboard you
no one's got that much ego to spend
So don't work your stuff
because I've got troubles enough
no, don't pick on me
when one act of kindness could be
deathly
deathly
definitely
Cause I'm just a problem
for you to solve and
watch dissolve in the heat of your charm
but what will you do when
you run it through and
you can't get me back on the farm
So don't work your stuff
because I've got troubles enough
no, don't pick on me
when one act of kindness could be
deathly
deathly
definitely
You're on your honor
cause I'm a goner
and you haven't even begun
so do me a favor
if I should waver
be my savior
and get out the gun
Just don't work your stuff
because I've got troubles enough
no, don't pick on me
when one act of kindness could be
deathly
deathly
definitely
É inevitável! Associamos sempre aquilo que ouvimos (assim como o que cheiramos) a determinada situação ou episódio da nossa vida.
R.E.M. lembra-me uma adolescência muito rica, namoro de Verão, amor na praia...
Os Guns´n´Roses trazem de volta uma paixão muito estúpida, por uns olhos fantásticos, que se perderam no mundo da droga, infelizmente...
Mais tarde, uma balada dos Metallica que ainda hoje não consigo ouvir sem sentir um tremendo aperto no peito. Más recordações...
Da minha Lua-de-mel só me lembro de uma música. "Alicia" e não faço a mais pequena ideia do (s) autor (es). Era a única coisa ocidental que aquele grupo com sotaque demarcadamente asiático sabia cantar, e ainda bem.
E se continuasse, teria (mos) assunto para desenvolver uma tese.
;-)
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