sexta-feira, janeiro 20, 2006



Manifesto eleitoral

Cavaco –recordo a única vez que me manifestei publicamente em dia de resultados eleitorais; entrava em Vila Real, de carro, e ouvi pelas notícias que Guterres havia ganho. Foi mais forte do que eu. A buzina do carro não parou. A alegria saía-me das entranhas. Até que o sonoro automóvel parou. A buzina avariou. Sinal do que viria a ser o Guterrismo? Muito ruído e pouca acção? Talvez… o certo é que o cavaquismo havia terminado e eu delirava…

Soares – a minha referência política durante muitos anos. Inocentemente pensava que representava um ideal.
A política portuguesa (tal como o resto em Portugal?) não vive de ideais – tudo se faz individualmente, no safa-te, mexe-te, perfeitamente individual. Não há movimentos. Não há utopias colectivas. Não há Grupo.
Não constatei o pisar dos amigos - Zenha. Não notei os avisos do livro do Rui Mateus – negócios de Chico-esperto português. Não notei o ar condescendente com que nos tolerava, do alto do seu púlpito republicano – “Senhor guarda ponha-se a andar!”.
Caí em mim quando, sem necessidade e por muito que os analistas políticos busquem motivações, passou por cima do seu amigo de sempre – Alegre.
Chamem-me inocente, mas sou canino no que diz respeito a amizades. Comecei a vê-lo com outros olhos. Mirei-o e vi o cavaleiro dos “ideais”, só montados por uma ambição pessoal e desejo de História.

Louçã – irrita-me esta esquerda. Disfarçada de nova mas com a tarimba toda de político ancião. Disfarçada de tolerante mas cheia de lições de moral. disfarçada de malga de sopa mas com malgas de caviar. Querem ser priores…assumam-no! E sobretudo não estejam rodeados de anti-clericais básicos como o Sr. Rosas...

Jerónimo – coerência? Claro que sim. Estar errado e persistir é a forma de coerência. Honesto? Claro que sim. Não é condição necessária, é suficiente.

Alegre - Sempre me provocou um certo arrepio a postura de poeta sofrido e defensor da liberdade.
Sempre me irritou a postura de estudante de Coimbra.
Sempre...
Mas agora que fazer?
Voto.

(nunca estive tão triste por ir votar…)

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, mas tem que ser. Temos que descobrir algum argumento para escolher um dos candidatos e ir em frente, que atrás vem gente!

Rosa disse...

Apoio tudo o que disseste, palavra por palavra, do princípio ao fim. Não te queres candidatar? É que eu também me está a custar tanto...

Alma disse...

Não sei se é confusão minha ou não mas dá-me a sensação que a minha opinião não foi totalmente clara.
O meu voto vai para Alegre.
Triste, porque nunca estive tão pouco decidido como nesta eleição.

Isabela Figueiredo disse...

Por acaso, a mim, também me irrita sobremaneira a postura dos estudantes e licenciados de Coimbra. Aquilo não é uma licenciatura, equivale logo ao doutoramento!
Mão voto no Alegre. Estou indecisa entre dar voto útil ao Soares ou reforçar o "ego" de um partido de esquerda, porque nenhum dos candidatos me satisfaz. Não sei o que vou fazer. Vou votar, decerto, mas ainda não sei. Costumo fazer parte dos indecisos. Às vezes só me decido mesmo na na cabine de voto, porque ali já não há saída.