
Em Pulp Fiction as personagens de John Travolta e Bruce Willis dão por si num balcão de um bar. Olham um para o outro. Odeiam-se mal se vislumbram. Rosnam. Querem atacar mas por algum motivo são impedidos de manifestarem esse não-gostar visceral. Quem viu o filme sabe perfeitamente que eles tinham mais que motivos para se odiarem. Um mata o outro. O inverso poderia ter ocorrido. Algo neles lhes dizia “não gosto de ti, deixa-me destruir-te”.
Não pelo aniquilação do Outro mas pela preservação do Eu.
Excessivas vezes dou por mim a utilizar aquele olhar de Pulp Fiction para explicar certa reacção minha a determinada pessoa.
Não tenho outra forma de o dizer e bengalo-me dessa cena.
João Pereira Coutinho, sobre Jane Austen e o livro "Orgulho e Preconceito" refere que amor e ódio à primeira vista são “formas preguiçosas de classificar os outros e de nos enganarmos a nós.”
Acho que por vezes não o são. São formas que temos de proteger-mo-nos, de acreditar em algo visceral que nos diz “algo está mal aqui”, de “atacar” antes…
Já me enganei muitas vezes neste aspecto. Arrependo-me.
Já acertei outras tantas. Não me arrependo.
Reverso da medalha

Esta senhora, por quem nutro um enorme respeito estético, não desperta em mim a reacção visceral que seria aconselhável. Segundo os boatos mundanos é caprichosa, inconstante, etc, etc.
Vísceras, porque não reagis em conformidade com tais descrições?
Vai-se lá saber porquê…
Eu sei!
6 comentários:
Isso tem pouco de "alma" e muito mais de corpo...
Há momentos assim, cara qc, muito mais de corpo do que alma...o inverso também é absolutamente verdade!
Como escolher? Deveremos escolher?
Claro que sim... "quando a "alma" não tem juízo, o corpo é que paga"! Parece-me óbvia a escolha...
Além disso a JL já dá para o entradota!! 40 e quantos??
E se te disser que ser caprichosa e inconstante não são grandes defeitos?!
As mulheres interessantes são assim. E têm outros defeitos espectaculares.
Não opinei sobre os outros defeitos espectaculares das mulheres com receio de ser redundante...
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