Dilemas
Momentos, entrados em mim pela moldagem única da TV; dilemas ou dilema?
Emergency Room
Médico assiste assassino em massa que tinha consumado a sua tarefa em infantário.
Paragem cardíaca.
Médico com equipamento de reanimação olha para a face do carrasco. Hesita. Hesita.
Morte reclama o seu.
O seu a seu Dono.
Ana Sousa Dias entrevista António Lobo Antunes
O Sofrido Artista afirma que foi o único a torturar um PIDE antes do 25 de Abril. Substituiu, em cirurgia, a anestesia por soro.
O Artista do Sofrimento havia assassinado muita gente.
Ser ou não ser igual?
quarta-feira, abril 05, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
É uma questão muito complicada...
Nem sei bem o que responder...
Estou como a Zeni.
Racionalmente, diria: ninguém pode tomar esse tipo de decisões e fazer justiça pelas suas próprias mãos.
Emocionalmente, no momento, quem sabe o que eu faria? Saberá qualquer um de nós?
Eu sou contra a pena de morte. E sou-o porque o Estado deve pensar racionalmente e não deverá fazer a justiça do “olho por olho, dente por dente”. No entanto, quem poderá julgar um pai que mata o assassino do seu filho? Eu não.
O assassino matou. Fez mal.
O médico matou. Fez mal.
O pide torturou. Fez mal.
O artista torturou. Fez mal.
O médico e o artista podem ter como desculpa o impulso justiceiro a que não resistiram - mas não tinham o direito de julgar nem de punir, como eu não tenho o direito de os julgar a eles nem de lhes perdoar.
Somos uma sociedade. Podemos e devemos, para nossa protecção, julgar e punir o crime, mas devemos fazê-lo friamente, sem vingança nem rancor. Não nos compete avaliar do Bem e do Mal.
Quanto ao desejo de vingança - do pai a quem mataram o filho, por exemplo - podemos compreendê-lo e devemos, porque somos humanos, reconhecer até que ponto nos identificamos com ele. Mas não devemos colaborar nessa vingança.
Parece uma história da Iris Murdoch! Estes assuntos perturbam-me...
...
estou perturbada...
...
Praticar o bem... sem olhar a quem!
Quem somos nós para julgarmos e, ao mesmo tempo, aplicarmos as sentenças!
Sim, de acordo com Zé Luís. Não temos esse direito. Um médico não tem esse direito, por muito que lhe pareça injusto, não lhe cabe fazer essa justiça. Porque não é. Assim não.
Parece que ninguém daqui conhece o autor! Quase que ponho as mãos no fogo em como se tratava de uma figura de estilo do melhor escritor português. Assisti a essa entrevista e quando estas palavras foram proferidas tive a certeza de que ele nos estava a fintar, ou pelo menos a tentar.
Anónimo:
Pode ser...
Mas o que eu ouvi foi um médico relatar um acto médico seu totalmente fora de ética.
Figuras de estilo que as guarde para os seus livros ou que seja claro...
Porque não usá-las em entrevistas? Vivemos no sec. XXI, época em que é especialmente importante SABER absorver toda a comunicação social de uma forma cuidadosa e reservada. O tempo da verdade na televisão já lá vai há alguns anos. Não é gratuita a razão pela qual, paises como a França, Belgica e Espanha, obrigam no programa do ensino básico e secundário a uma disciplina que visa ensinar a ver, ler e ouvir o que se diz nos média
Ainda uma pequena nota sobre o programa onde foi dada esta entrevista, que pode ajudar na compreensão do que quer que se diga alí:
- Não é um programa informativo, é um espaço onde artistas e personalidades de outras áreas têm liberdade total de expressão e criatividade para se mostrarem um pouco mais através da comunicação verbal. Assim sendo, que mal tem o escritor em questão dizer que "matou", quando a provável verdade é "gostaria de ter morto".
Só mais uma nota: Ele não é cirugião, é psiquiatra.
Enviar um comentário