sexta-feira, março 31, 2006

Quem muda, Deus ajuda


Conduzia encantado pela TSF.
Relatos de vidas marcadas pelo desemprego num Portugal, dito e redito, adiado.
Parei os ouvidos nas declarações de um ex-desempregado português, a louvar o país de Sua Majestade – “Aqui não sou velho. Chamam-me trabalhador com experiência.”
44 anos. Saiu, diz, do país do tudo-fácil com a vida num caos. Revoltado.
Chegou à esterlina terra com uma boa estrela na mira.
Querem que leve os filhos. Comprou carro. Vai comprar casa.
Sorri-lhe a voz enquanto conduzo de garganta embargada.

Tudo de novo.
Vão. E não em vão.
Sejam os meus emigrantes sejam os da mão nua e cabeça só com esperança.
Deus ajuda-os.
Quem ajuda este país?

(Claude Lorrain, "The Departure of Hagar and Ishmael", 1668)

5 comentários:

Anónimo disse...

Portugal trata mal quem ai quer comecar a vida. E isso, daqui a 10 anos vai pagar muito caro. O problema e ficar aqui para ajudar o pais e depois ficarmos nos mal...

Anónimo disse...

Nós, nós é que temos que ajudar este país.

Ana disse...

Eu estou quase a desistir. É terrivelmente frustrante trabalhar neste país. Raramente somos reconhecidos pelo que fazemos e o que ganhamos mal dá para as despesas. E não falo de reconhecimento a alto nível (assim como este nosso amigo está habituado ;)), mas aquele do dia-a-dia, o mais banal. Chama-se Motivação!

De dia para dia a minha vontade de emigrar cresce assustadoramente. Estou farta deste país!

Salseira disse...

Eu não tenho vontade de emigrar porque muita coisa emocional me agarra a este país.

Por outro lado, nem todos os que emigram conseguem atingir aquilo que desejam e, muitas vezes, conseguem é aquilo que nunca desejaram.

Mas trabalhar neste país é realmente uma tristeza! Eu já tive um excelente emprego. Adorava o que fazia e o meu trabalho era reconhecido. Porque não continuo lá? Porque infelizmente a Câmara Municipal mudou de mãos. Qual Câmara? De que mãos e para que mãos? Não interessa porque seria igual a situação em qualquer Câmara e com quaisquer mãos!

E o que sinto é que é muito difícil meter o meu pézinho num emprego que me realize, onde reconheçam o meu trabalho e onde me paguem o suficiente para poder ser totalmente independente. E, no entanto, tivesse eu essa oportunidade e sei que não desiludiria ninguém!

Desculpem o desabafo! É que mesmo não tendo grande vontade de emigrar... às vezes até apetece!

Alma disse...

Sair ou não sair, eis a questão...
E será que passa por aí?